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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Resenha : Divergente .

* Resenha : Divergente .
[Em nossas facções, encontramos sentido, encontramos propósito, encontramos vida]
Título: Divergente
Autora: Veronica Roth
Editora: Rocco
Número de páginas: 504
Classificação pessoal: ♥♥♥♥♥ (excelente!)
A sociedade é dividida. Fazemos parte de uma série de fragmentos que nos moldam e, no fim, acabam formando uma unidade: nossa cidade, estado, região, nação. Todos nós fazemos parte de grupos: no trabalho, em escolas de artes, na faculdade, em clubes, igrejas... Pessoas se encontram e convivem entre si, unidas por talentos e interesses. Mais ou menos nesse contexto, em ‘Divergente’, surge uma Chicago futurista dividida em cinco facções. Abnegação, Amizade, Audácia, Franqueza e Erudição— Trabalhando juntas, as cinco facções têm vivido em paz há anos, cada uma contribuindo com um diferente setor da sociedade. A abnegação supriu nossa demanda por líderes altruístas no governo; a Franqueza providenciou líderes confiáveis e seguros no setor judiciário; a Erudição nos ofereceu professores e pesquisadores inteligentes; a Amizade nos deu conselhos e zeladores compreensivos; e a Audácia se encarregou de nossa proteção contra ameaças tanto internas quanto externas. (página 49)
Beatrice (ou Tris), a protagonista, é uma de jovem de 16 anos, nascida na Abnegação. Acostumada a viver ‘em paz’, morando com os pais e o irmão Caleb, Tris se vê na difícil missão de escolher a facção que norteará os dias de sua vida. Todos os jovens, aos 16 anos, submetem-se a um teste de aptidão que indicará (de acordo com as suas características, habilidades e personalidade) uma facção que melhor corresponde a eles. — Beatrice — diz ele, fixando meus olhos. — Devemos pensar em nossa família. — Há algo de estranho em sua voz. — Mas também devemos pensar em nós mesmos. (página 42) Independente do resultado do teste, ou da facção que a família pertence, o jovem tem a liberdade de escolher a facção que deseja durante a Cerimônia de Escolha. Uma vez selecionada, a decisão não pode ser voltada atrás. Todos vivem de acordo com a afirmação ‘Facção antes do sangue’, uma espécie de lema levado muito a sério.
O interessante é que cada uma das facções contam com uma qualidade bem característica dos membros enquanto, por outro lado, transparecem defeitos bem fortes dos próprios membros.
— Você tem medo de altura — digo. — Como você consegue sobreviver no complexo da Audácia?
— Eu ignoro o medo — diz ele. — Ao tomar decisões, finjo que ele não existe. (página 156)
Tris, atordoada pelo resultado incomum de seu teste, antes da Cerimônia de Escolha, entra numa espécie de confusão.
Após a cerimônia de escolha, todos os jovens devem passar por uma iniciação, com atividades próprias de suas novas facções (novas ou não, já que a pessoa pode continuar na facção em que nasceu!). No caso deTris, a iniciação compreende uma série de desafios, lutas, condicionamento físico e psicológico que acentuarão sua coragem e a sua habilidade de lidar com o medo. Depois de mais cinco tentativas, consigo acertar o centro do alvo, fazendo com que uma corrente de energia percorra meu corpo. Estou desperta, com os olhos bem abertos e as mãos quentes. Abaixo a arma. Há uma certa sensação de poder em controlar algo que pode causar tanta destruição, ou em controlar qualquer coisa, na realidade. (página 87) Todos os jovens transferidos para a Audácia são treinados pelo Quatro (e ‘Quatro’ é um apelido, não se preocupem... O verdadeiro nome seria spoiler eu dizer!).
‘Divergente’ traz uma série de personalidades fortes, que deixam a trama mais interessante e menosmimimi, com destaque para (dentre tantos personagens interessantes) o Quatro e a mãe da Tris que, junto à protagonista, desenvolvem uma série de diálogos inteligentes e reflexivos. — Ela apoia a mão no meu ombro que não está machucado e sorri. — Mas nossas mentes movem-se em dezenas de direções diferentes. Não podemos ficar confinados a uma única maneira de pensar, e isso apavora nossos líderes. Isso significa que não podemos ser controlados. E significa também que, não importa o que eles façam, nós sempre causaremos problemas para eles. (página 455)
Veronica (a autora) constrói uma narrativa inteligente, que muito se parece com a gente. Aliás, vai além: a autora nos descreve em linguagem figurada (e situações exageradas), que permite uma crítica à sociedade(especialmente às variadas formas de poder e autoridade). Distopias como ‘Divergente’ descrevem, com criatividade, uma sociedade que no fundo é óbvia... Mas que pode ser explorada das mais diversas formas — no caso, com direito a lutas sanguinárias, romance e muita reflexão. Acredito nos atos simples de bravura, na coragem que leva uma pessoa a se levantar em defesa de outra. É uma linda maneira de se pensar. (página 219) ‘Divergente’ é uma descoberta, um chamar a atenção: a nós mesmos e aos outros; explora questões como escolhas, governo, desafios, tradição com, claro, uma pitada de romance. ♥

Se a sociedade fosse dividida em cinco facções, a qual grupo você pertenceria?

A sensação é de rompimento, como uma folha separada da árvore que a sustenta. Somos criaturas da perda; deixamos tudo para trás. (Veronica Roth, trecho do livro ‘Divergente’, página 500)

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